Viagem à infância
Minha experiência com leitura começa na mais tenra infância. Mesmo sem saber ler, as imagens, as letras, tudo me fascinava e me desesperava ao mesmo tempo, pois não conseguia decifrar aquelas coisinhas pretas na folha de papel. Minha mãe era uma mulher simples, costureira, mas que, em sua simplicidade, soube oferecer a mim, através da leitura, todas as vivências e emoções que não podia ter por conta de nossa situação financeira. Todas as vezes que ia até o centro da cidade para comprar aviamentos para suas costuras, passava pelas "Lojas Americanas" e me trazia um livrinho, que, em geral, trazia a forma de uma animalzinho ou objeto, sobre os quais seria a história. Ficava esperando ansiosa o momento de sua chegada para que me lesse aquela história, que depois reproduzia para minhas bonecas, enfatizando a narrativa nos momentos mais tensos, baseando-me na sequência de acordo com a ilustração. Até que, finalmente aos quatro anos de idade comecei a ser alfabetizada por uma vizinha e escrevi meu nome complicado com lápis de cor verde: não foi fácil escrever Augusta, não saiu aquela grandeza, não estavam lá todas as curvinhas para cima, is em vez de us, mas achei o máximo, meu pai me deu um estojo de madeira com lápis e borracha e alguns eram de cor. "Pirei", até que comecei a escrever por todo lado, até nos móveis, e minha mãe deu um "chilique básico". Bem, não parei mais de ler, lia as revista de manequim de minha mãe, devorava gibis, todo dinheirinho que ganhava era gasto com coisas para ler, quando não tinha dinheiro, relia as coisas que tinha. Guardava-as todas em uma caixa de papelão maior do que eu, entrava nela com uma cadeira azul que meu pai fizera para mim e passava horas lá dentro. Hoje, sou fanática por histórias de terror e mistério, li diversos autores, gosto muito de Maupassant, Poe, Le Fannu e outros, mesmo os brasileiros como Lygia Fagundes Telles, mas prefiro os estrangeiros, deve ser porque conseguem transmitir com mais verossimilhança a atmosfera sombria, fantástica, necessária para que esses textos nos contaminem, literalmente. Gosto também da literatura policial, as crianças deveriam ser obrigadas a conhecerem Conan Doyle, Ágatha Christie, para exercitarem sua capacidade de raciocínio. Adoro ficção científica, H.G. Wells, Aldous Huxley, Inácio de Loyola Brandão, em seu "Não verás país nenhum". Nem um pouco romântica, os romances de amor não me atrem, livros de auto-ajuda, nem pensar. Ainda me atrem os quadrinhos: Mafalda, Garfield, Hagar, amo Calvin, é a minha cara, sou meio...bastante, contestadora. Leio de tudo, cordel, livro infantil, crônica( Luís Fernando Veríssimo é o máximo), tudo que achar lindo, fofo e interessante, tudo que deixe uma marca em mim. Enfim, creio que sou fruto de todas essas experiências leitoras, carrego em mim uma parte de cada obra, cada autor, sua visão de mundo, suas expectativas... sou assim, plural e única.Um abração a todos!!
É isso aí, mesmo! O blog agora deve ser bem divulgado...
ResponderExcluir